As palavras do Salmo responsorial (SI 117) nos convidaram a dar graças ao Senhor porque Ele é bom, eterna é a sua misericórdia! Damos graças ao Pai que nos enriquece com os seus dons e dá coragem e alegria a jovens, como o Fr. Lucas hoje, para escolherem o seguimento radical de Jesus, colocando a sua vida em total disponibilidade a serviço do Evangelho. Esta ação de graças envolve a todos nós. Em primeiro lugar, a nossa Igreja diocesana juntamente com toda a família religiosa dos Frades de Emaús, os seus pais e familiares, formadores, professores, amigos e todas aquelas pessoas que o seguiram e continuam a seguir com a oração e o sacrifício. Envolve todos vocês, amigos vindos de Paracambi, e dos lugares onde o Fr. Lucas teve a oportunidade de realizar seu trabalho missionário. Com a nossa presença aqui proclamamos a fé numa Igreja que procura ser servidora e que se alegra por dar um rosto sempre jovem e novo à missão.
O livro dos Atos dos Apóstolos, que nos acompanha durante todo o tempo pascal, mostra o ideal de sempre da Igreja que realiza a sua missão à medida que se deixa conduzir pela força do Espírito Santo, ao redor da Palavra de Deus e da Eucaristia, na comunhão fraterna e com os seus pastores e no testemunho corajoso de Jesus Ressuscitado através do anúncio e da caridade. A missão da Igreja acontece sempre a partir dessas realidades e essas são as nossas referências.
Desta leitura de hoje gostaria de destacar duas realidades ali apresentadas que servem de iluminação para meditarmos sobre o ministério diaconal hoje. A 1a é o que as pessoas dizem sobre Pedro e João " reconheciam que eles tinham estado com Jesus". O que eles falavam e o que eles faziam indicava um outro: o Senhor. Não era a pessoa dos apóstolos a chamar a atenção, mas quem eles representavam. Na homilia do ritual da ordenação se lembra ao futuro diácono que" amparado por Deus, proceda de tal modo em seu ministério que os irmãos possam reconhecê-lo como verdadeiro discípulo daquele que não veio para ser servido, mas para servir ". O diácono é chamado a ser, no conjunto de sua ação pastoral, que envolve o serviço da palavra, do altar e da caridade, transparência de Cristo que se fez servo de todos. Isso é possível pela graça do sacramento e pela sua correspondência em procurar em tudo servir e amar o Senhor e os irmão e irmãs. É preciso que, pouco a pouco, a atitude de prontidão para o serviço configure toda a sua vida de forma muito concreta em atitudes como a disponibilidade para servir a Igreja na pessoa dos irmãos e irmãs, onde ela o pedir para garantir a imagem de uma Igreja servidora, especialmente junto aos pobres e desamparados.
Este ministério que hoje te é conferido, Fr. Lucas, te faz sinal do Cristo que se fez servo de todos.
Como nos lembra um Padre da Igreja, « nada pode fazer com que imitemos tanto Cristo como a preocupação pelos outros. Mesmo que tu jejues, se dormires no chão e te sacrificar, se não cuidares do próximo fizeste pouco, ainda estás muito longe da imagem Dele" (São João Crisóstomo). Na missão há uma coerência entre aquilo que se vive e o que se anuncia. As pessoas hoje nos pedem ser coerentes, uma coerência que sempre é humilde porque somos todos frágeis, mas sem uma vida que procura ser iluminada pela vontade de Deus a missão perde o seu sentido e a sua força.
Uma segunda coisa que gostaria de ressaltar é o que Pedro e João dizem diante das ameaças que estavam sofrendo na missão de pregar o Evangelho: " quanto a nós, não nos podemos calar sobre o que vimos e ouvimos". Desta palavra da liturgia de hoje o Fr. Lucas encontrou inspiração para viver este momento singular de sua vida, que vai marcá-lo para sempre, sem se esquecer que a nossa consagração fundamental é aquela recebida no batismo. Todo o resto ganha força à medida que nos ajuda a viver melhor a nossa consagração batismal de filhos e filhas de Deus, a serviço de todos.
Ontem como hoje os discípulos de Jesus são sustentados pela amizade com Cristo, mas também ontem como hoje eles precisam da coragem profética do anúncio da Palavra que é Palavra de Salvação, diante de uma cultura da indiferença e do relativismo com relação à verdade e que vai se tornando sempre mais ameaçadora dos autênticos direitos fundamentais da pessoa humana. Como vemos nos Atos dos Apóstolos, o primeiro serviço que a Igreja presta à humanidade é o da Palavra. Por isso a Igreja neste dia, exorta ao futuro diácono a "não se deixar abalar na sua confiança no Evangelho do qual ele é não somente ouvinte, mas servidor " (cf. Homilia do Ritual). A Igreja hoje lhe confia esse ministério que atualiza a exortação de Jesus que ouvimos no Evangelho : " Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura " ( Mc 16 , 15 ) O que o Senhor nos pede também hoje, e pede de forma especial àqueles que têm na Igreja a missão de pregar , serviço confiado ao diácono: que falemos de Jesus , de sua vida , morte e ressurreição e de todas as suas promessas , porque aqui encontramos a melhor maneira de viver nossa vida com sentido, com entusiasmo , com alegria . Não é possível que nos calemos. O anúncio do Evangelho integral tem suas consequências e as mais importantes delas é que dele depende a abertura à fé e à salvação que só Deus pode oferecer. Confiemos este nosso irmão, que hoje ordenamos como Diácono para o serviço da Igreja, dentro do carisma próprio que o Senhor lhe concede na comunidade dos Frades de Emaús, à intercessão de Nossa Senhora da Visitação. Que sua vida continue sendo um sinal da visita do Ressuscitado que, como fez com os discípulos de Emaús, abra as mentes para reconhecer os sinais da sua presença que nos enche de nova esperança na missão. A nossa Igreja toda lhe diz: obrigado pelo seu sim.
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